O Ipen participou, no último dia 7 de outubro, do I Simpósio de Imagem Molecular e Radiofarmácia, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O encontro teve como objetivo reunir profissionais, instituições e empresas responsáveis no país por unidades de radiofarmácia, equipamentos cíclotron e centros PET.
A imagem molecular é uma área que traz avanços importantes para o diagnóstico clínico e tem evoluído muito no país, destacam os especialistas. Os exames PET (da sigla em inglês para tomografia por emissão de pósitrons) permitem mapear todo o corpo do paciente e são uma ferramenta poderosa nas áreas de oncologia, cardiologia e neurologia. O paciente recebe o FDG marcado com o flúor-18, fabricada em centros de radiofarmácia. No organismo, a substância é absorvida por células que têm grande consumo de glicose ou maior atividade metabólica. A radiação emitida por essas células é captada pelo equipamento PET, gerando imagens, que permitem diagnósticos precisos e de forma precoce.
Os resultados obtidos a partir dos exames PET/CT mudam o tratamento em muitos casos, permitem melhor estadiamento do tumor e detecção de progressão do câncer ou sua recorrência. Os altos investimentos nos equipamentos e instalações retornam em resultados de alta eficiência, atestam os médicos de centros de excelência que dispõem da tecnologia.
Durante o encontro, Carlos Alberto Buchpiguel, diretor do Serviço de Medicina Nuclear do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, destacou a importância das parcerias para desenvolvimento de novos compostos, validação de metologias e treinamento de pessoal.
No que diz respeito a treinamento, o Ipen é um dos centros mais importantes que investe não só no fornecimento do FDG, mas também na pesquisa e desenvolvimento de novos radiofármacos e substâncias marcadas. A formação de recursos humanos de alto nível é o ponto alto do instituto, de acordo com o gestor. “As pessoas são o maior patrimônio que temos”, afirma.
O diretor de Radiofarmácia do Ipen Jair Mengatti fala dos novos desafios, especialmente com a entrada de fornecedores privados de radiofármacos para PET. Ele acredita que o instituto ainda tem muito a contribuir. Sobre a atuação histórica do Ipen na radiofarmácia e na parceria com os centros de medicina nuclear do país é enfático: “o que o instituto fez permitiu que hoje existam muitos centros médicos em funcionamento, utilizando a tecnologia e a disponibilizando com sucesso”.
Na palestra sobre inovação em imagem molecular, David Yang, chefe de Radiodiagnóstico do MD Anderson Cancer Center, nos EUA, mostrou que o centro de excelência mundial na pesquisa e tratamento de câncer investe em muitas frentes. O departamento em que ele atua detém 54 patentes. O pesquisador acredita que as parcerias estratégicas são o caminho, por permitirem aumentar a curva de aprendizado.
Nos EUA, desde 1998 os exames PET têm cobertura pela Medicare, sistema de saúde gerido pelo governo. No Brasil, a Agência Nacional de Saúde prevê cobertura dos exames PET desde o ano passado pelos planos de saúde de forma restrita para alguns tipos de câncer (pulmão, linfoma e alguns casos estabelecidos em norma). Pelo Sistema Único de Saúde (SUS) o exame não tem cobertura. A Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular (SBBMN) atua há muitos anos no Brasil para que o procedimento seja coberto pelo SUS e incluído no rol de procedimentos cobertos pelos planos de saúde, de forma a permitir que mais pacientes tenham acesso aos exames PET. O exame custa em média R$3,5 mil.
O cíclotron do Ipen de 18 MeV, instalado em 2008, foi adquirido graças a investimentos da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, intermediado pela Fapesp. Por meio de convênio, foi estabelecido que a partir do início de funcionamento do cíclotron, hospitais públicos do Estado receberiam a título de doação 10 mil doses de FDG. Em 3 anos, o Ipen já forneceu mais de 3,2 mil doses, distribuídas com regularidade ao Hospital A.C. Camargo, Hospital Amaral Carvalho, Centro Infantil Dr. Domingos A. Boldrini e Hospital Heliópolis.
Link original: http://www.ipen.br/sitio/?idc=10339
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