sábado, 12 de março de 2016

Pet scan, para diagnóstico do câncer, está encaixotado desde 2013 no DF

Bom Dia Brasil mostrou há 2 anos equipamentos novos encaixotados. E volta a flagrar o problema, agora na capital federal e em mais dois estados.



O Bom Dia Brasil mostrou há dois anos equipamentos novinhos para diagnosticar câncer encaixotados. Nossa equipe voltou a flagrar o mesmo problema, só que agora na capital federal e em mais dois estados.
São poucos aparelhos em todo o Brasil e a gente ainda encontra equipamentos abandonados.


Até quando este pouco caso com o dinheiro público, com o contribuinte e com pacientes de uma doença que requer competência e eficiência para ser combatida?

Os aparelhos de pet scan conseguem detectar com precisão tumores e até checar a regressão do câncer depois de sessões de quimioterapia. Tecnologia de última geração abandonada em salas e corredores de hospitais públicos.
É isso mesmo: o descaso. Empoeirado, embalado. São 17 caixas largadas no corredor do Hospital de Base, o maior de Brasília. Guardam um pet scan, equipamento top de linha para diagnóstico de câncer. E sabe desde quando? 2013. Quantas pessoas não poderiam ter sido atendidas nesses mais de 3 anos...
E o pior é que não tem nem previsão para o pet scan em Brasília, o único da rede pública, começar a funcionar. A sala onde ele deve ser instalado – que começou a ser feita depois que as caixas chegaram – está parada, desde setembro do ano passado. E os pacientes esperando na fila.
O Ministério Público concluiu que foi como comprar os móveis antes de fazer a casa. Planejamento nenhum. E que custou até agora um dinheirão: R$ 3 milhões na época, só pelo equipamento. Quase R$ 100 mil pela garantia – não usada. E o governo ainda teve que bancar exame, em clínica particular, para quem recorreu à Justiça.
“A compra foi feita direcionada para determinado fornecedor e não direcionada para atender as necessidades da Secretaria e dos usuários. Nesse caso os usuários são portadores de câncer, de neoplasias malignas. Então, veja que o prejuízo não foi só o erário”, avalia a promotora Marisa Izar.
O MP pediu punição dos secretários de Saúde que ignoraram as caixas. E está cobrando dos atuais gestores.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal disse que teve que adaptar o projeto da obra, que tinha falhas. Serão uns 8 meses. Aí, para instalar e atender paciente não dá nem para chutar uma data.
“A partir da conclusão do projeto, ele vai ser apreciado pela equipe de engenharia que vai fazer a execução desse projeto. E somente essa equipe técnica vai ter condições de avaliar o projeto, e determinar a estimativa de tempo para a execução dele. A nossa orientação é que seja o mais breve possível”, diz a secretária-adjunta de Saúde do DF, Eliene Berg.


Hoje 1 mil pacientes que estão na fila do tratamento em Brasília poderiam estar usando o pet scan, que não é luxo, é o que dá mais precisão nos exames.

“Quando o paciente oncológico é submetido ao pet scan, existe uma tendência de você ser mais preciso, mais assertivo na condução deste paciente, e privando ele de procedimentos desnecessários e, consequentemente, de custos desnecessários”, avalia o médico Gustavo Gomes, da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear.
A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear lamenta serem tão poucos pet scans no Brasil: 135 instalados. A maioria em São Paulo. O Nordeste tem poucos. E foi lá no Hospital das Clínicas da Universidade de Pernambuco, que o Bom Dia Brasil achou outro pet scan que está só de enfeite. Se é que se pode chamar assim. E também é problema que vem de anos.
“A compra do equipamento foi feita na gestão anterior, acredito eu, se não me falha a memória, em 2011. Ele foi instalado no decorrer de 2014, precisou ser mudado em 2015 e agora está devidamente colocado, esperando apenas as adequações na infraestrutura”, explica Frederico Jorge Ribeiro, do Hospital das Clínicas da UFPE.
No Rio, no centro onde ficam esses equipamentos de alta tecnologia, o pet scan era para estar sendo usado desde 2014. Mas o produtor do Bom Dia Brasil tentou marcar um exame. E abaixo a resposta que ele ouviu:
Atendente: – Não, a gente não tá marcando. Nós não marcamos a princípio, pois ainda tá em fase de obra pra terminar.

Produtor: – Entendi. Você tem noção de quanto tempo vai levar?
Atendente: – Não. Não tenho noção de quanto tempo vai levar. Pode levar uns três meses, seis meses, um ano, dois. Não tem prazo. Não tem prazo. Eles não deram prazo pra gente. Me disseram, se alguém ligar fala que não tem prazo.

O Bom Dia Brasil insistiu e fez a mesma pergunta para a Secretaria de Saúde do Rio de Janeirodisse que não tinha tempo hábil para responder aos nossos questionamentos.

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