Publicado em Notícias
05 de junho de 2014
05 de junho de 2014
Notícia publicada no Saúde Informa
Produto é mais barato que os já oferecidos no mercado e promete melhorar o processo de cicatrização
Um curativo que promete acelerar o processo de cicatrização da pele, desenvolvido a partir do barbatimão e da quitosana, foi patenteado pela UFMG. O barbatimão é uma árvore nativa do cerrado brasileiro e sua casca é popularmente utilizada com fins medicinais há séculos. Já a quitosana é uma fibra natural obtida do exoesqueleto de crustáceos.
A eficácia da associação entre o extrato hidroalcoólico de barbatimão e o filme de quitosana no tratamento de lesões cutâneas foi comprovada em ratos, conforme descrito na tese de doutorado da cirurgiã Sumara Marques Barral, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFMG. O trabalho se destaca pelo fato de existirem poucos estudos acadêmicos que caracterizem detalhadamente os compostos ativos presentes na casca do barbatimão e demonstrem como eles funcionam.
A pesquisa também teve contribuição dos professores André Faraco e Raquel Castilho, da Faculdade de Farmácia da UFMG. Raquel Castilho identificou e quantificou as substâncias presentes em um extrato padronizado, ou seja, com a mesma quantidade substancial de ativos. A esse extrato, foi adicionada uma nanopartícula à base de quitosana, produzida pelo professor André Faraco.
Foto: Eurico Zimbres
A orientadora da tese, Ivana Duval, professora do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina, explica como o produto pode ser aplicado. “Quando se tem um extrato purificado, fica mais fácil de ter um produto industrializável. Lógico que ainda há algumas etapas pendentes, mas hoje temos um produto que pode ser entregue à indústria para formar um curativo eficiente”, afirma.
Testes
Para analisar a eficácia do produto, foram realizados testes com 32 ratas, com ferimentos de igual tamanho no dorso, dividas em grupos, que receberam diferentes curativos: o curativo hidrocoloide, que é de uso padrão; o filme de quitosana puro; o filme de quitosana associado à fração enriquecida de barbatimão; e apenas uma tira de luva para cobrir o ferimento.
“O resultado mostrou que o grupo do filme da associação de barbatimão com a quitosana apresentou melhores taxas de cicatrização”, relata Sumara. Ela observou ainda que o processo de inflamação, inerente à cicatrização, não foi tão intenso. Um outro ponto positivo, pois a inflamação retarda o processo cicatrizatório. Mas a cirurgiã pondera que novas pesquisas precisam ser feitas para melhorias técnicas do curativo, como a possibilidade de tornar a aplicação mais fácil.
Custo-benefício
A intenção é que o produto final seja um curativo semelhante a uma pequena placa, feita com uma sustância biodegradável, que se dissolva na pele e libere o medicamento aos poucos. Desse modo, não será necessário retirar o curativo até que a cicatrização se complete. Para Sumara Barral, essa é uma das maiores vantagens, já que, no processo de troca, a maioria dos curativos acaba retirando também as células jovens da pele.
“Nós, que trabalhamos na clínica, sabemos a dificuldade da adesão do paciente ao tratamento, quando se faz um curativo que tem que ser trocado constantemente. Se tiver um que só precise de nova aplicação na outra semana, é muito mais fácil”, completa a orientadora Ivana Duval.
A principal contribuição da pesquisa é justamente a possibilidade de melhora do processo de cicatrização, com a introdução de um curativo com capacidade superior aos que já existem no mercado. E ainda mais barato, por ter como matéria-prima a quitina, o segundo polímero mais abundante do mundo. “O que queremos é reduzir o preço e melhorar a qualidade do curativo que será aplicado na ferida, beneficiando todos os hospitais que lidam com isso, principalmente os de nível primário e o Programa Saúde da Família (PSF)”, afirma André Faraco.
Título: O uso do extrato hidroalcoólico de barbatimão associado ao filme de quitosana para a cicatrização cutânea de ratos wistar fêmeas
Nível: Doutorado
Autora: Sumara Marques Barral
Orientadora: Ivana Duval Araújo
Coorientadora: Paula Vieira Teixeira Vidigal
Programa: Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia
Defesa: 9 de janeiro de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário