Fábio Aranha
A solução para o Brasil sair da crise de produção do molibdênio-99 tem nome. É o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O RMB - que terá entre 20 e 30 megawatts de potência - será o maior reator de pesquisas do país e terá a capacidade de atender a toda a demanda nacional do radioisótopo. Mas seu alcance vai além disso. Ele permitirá que o Brasil nacionalize todos os radioisótopos produzidos em reatores que hoje são importados. E não apenas aqueles usados para diagnóstico, mas também os que são empregados em radioterapia.
Além disso, o RMB também será utilizado em testes de irradiação de materiais e combustíveis e pesquisas com feixes de nêutrons. Esse empreendimento permitirá o desenvolvimento de uma infraestrutura científica e tecnológica fundamental para dar suporte à expansão das atividades nucleares brasileiras. "O reator também será uma importante ferramenta para a formação de recursos humanos no setor nuclear, o que é de grande importância, levando-se em conta a alta média de idade dos técnicos da área", afirma o coordenador-técnico da implantação do RMB, José Augusto Perrotta.
A relevância do RMB se torna ainda maior ao se levar em consideração que o reator IEA-R1 do Ipen, o principal do país, tem mais de cinquenta anos de operação e uma vida útil restante de menos de 10 anos. Se não houver outro reator para substituí-lo, atividades importantes deixarão de ser feitas no Brasil. A área mais afetada seria a medicinua nuclear, que realiza hoje mais de 5 mil exames por dia envolvendo radiofármacos.
O RMB demendará investimentos da ordem de US$500 milhões (cerca de R$850 milhões) - valor estimado com base em reatores semelhantes construídos em outras partes do mundo - e deve ficar pronto em cinco ou seis anos. É necessário que se faça um aporte de R$ 53 milhões este ano para que o empreendimento não sofra atrasos substanciais em seu cronograma. "Esse montante seria utilizado para realizar experimentos em laboratório, contratar o projeto básico dos vários sistemas que compõem o empreendimento e da infraestrutura do sítio do reator, aém de começar o processo de licenciamento ambiental", explica Perrotta.
Em maio, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, anunciou que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, vinculado ao MCT, aprovou, por intermédio da Finep, a liberação de R$ 50 milhões para o empreendimento. O ministério vinha sofrendo críticas desde o início do ano por não ter garantido as verbas para o RMB, cuja construção está sob responsabilidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
O novo reator será construído em Iperó, a 130 quilômetros de São Paulo, ao lado do Centro Experimental de Aramar, da Marinha, que cederá um terreno de 1,2 milhões de metros quadrados para a Cnen. O governo do estado de São Paulo também cederá um terreno adjacente. No total, o empreendimento contará com uma área de mais de 2 milhões de metros quadrados. Para abrigar o RMB, a Cnen criará um novo instituto de pesquisas.
FONTE: Brasil Nuclear
Informativo da Associação Brasileira de Energia NuclearAno 15 - Número 36 - 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário