Os impactos na formação médica a partir da Lei nº 12.871/2013, que instituiu o Programa “Mais Médicos”, que está prestes a completar dois anos, foram alvo das discussões no VI Fórum Nacional de Ensino Médico. Promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), o encontro foi realizado na sede da Associação Médica de Brasília (AMBr), em Brasília (DF), entre os dias 27 e 28 de agosto.
A mesa-redonda “Adequação das Escolas Médicas às Diretrizes Curriculares Impostas pela Lei nº 12.871/13”, que ocorreu no segundo de encontro, trouxe à discussão os inúmeros desafios que há hoje no processo de formação do médico no País, que vão desde a abertura desenfreada de escolas médicas, até a determinação prevista na lei de que 30% da carga horária do internato devem ser cumpridos no sistema público. Além destas problemáticas, foi discutida também a questão dos Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino Saúde (COAPES), convênios firmados entre as Instituições de Ensino e as Unidades Básicas de Saúde, e a criação de um sistema de Acreditação das Escolas Médicas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). (confira notícia no site do CFM na íntegra)
A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) esteve presente representada pelos diretores Barbara Amorim, e Gustavo Gomes, da Sociedade em Brasília. Os médicos nucleares puderam levantar questões relativas à inserção da Medicina Nuclear na graduação médica, o que não ocorre atualmente. De acordo com os diretores foi possível aproveitar o momento para expor a necessidade de implantar a medicina nuclear na grade curricular dos cursos de graduação - como já ocorre na Unicamp, USP e UFRJ.
“Defendemos que esta implementação é fundamental para que os alunos tenham contato com a especialidade - que se encontra em franca expansão no Brasil - ao longo de sua formação, e não mais de maneira pontual, como ocorre nas poucas instituições em que há a abordagem”, relatou Barbara. Outros pontos defendidos foram o ingresso da MN nas Ligas Acadêmicas e que seja realizado um levantamento junto aos serviços da área que já participam da graduação, experiências exitosas que possam servir de modelo.
Como desfecho, a SBMN levantou alguns pontos que podem ser sugeridos e defendidos dentro do processo de revisão da grade curricular das escolas médicas.
1. Implantação da MN na grade em cada escola individualmente: cada escola faria a sua inserção na grade de acordo com suas possiblidades. Isso já tem sido feito por algumas como Unicamp, USP, UFRJ. Poderíamos promover um maior incentivo para que isso ocorresse.
2. Inserir a MN longitudinalmente na graduação, isto é, inserida em grandes temas ao longo da graduação e não de maneira pontual. Isso tem sido uma forte tendência no ensino médico.
2. Inserir a MN para nas Ligas Acadêmicas
3. Levantar dentro dos serviços de Medicina Nuclear que já participam da graduação experiências exitosas e que poderiam ser copiadas.
Medicina Nuclear & Formação
O presidente da SBMN, Claudio Tinoco, avalia que a abertura inconsequente de faculdades de medicina pode agravar sobremaneira este a má formação de médicos no país. Tinoco acredita que a mudança deste cenário só ocorrerá com investimento em criação de novas vagas para médicos especialistas. “E, não basta apenas criar residências em áreas mais carentes, pois os estudos de demografia médica demonstram que apenas um terço dos médicos ficam no local em que fazem o seu treinamento. Assim a criação de vagas tem que ser ligada diretamente a melhora da infraestrutura médica para melhorar o atendimento da população”, ponderou ele.
Para a Medicina Nuclear a residência continuará sendo de acesso direto. Para haver mais e melhores médicos nucleares no Brasil, o presidente da SBMN acredita que será necessário que haja uma ação, apoiada pela SBMN, em que as próprias escolas médicas e os serviços que puderem promover novas residências o façam. Tendo em vista o número de médicos nucleares atualmente (menos de 700) e número de serviços de medicina nuclear em atuação no Brasil (menos de 450) para atendermos a população brasileira (204 milhões) é preciso ter o dobro de serviços, especialmente nas áreas mais carentes do país (diversos estados com 1 ou 2 serviços apenas) e um número maior de médicos nucleares (de 50% a 100% mais médicos). “É triste ouvir histórias de serviços de medicina nuclear que estão sem funcionar, pois não há médicos disponíveis”, avalia.
Link original: http://www.sbmn.org.br/site/secao/visualiza/1443
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