sábado, 17 de setembro de 2016

Investimentos na geração nuclear podem ajudar a tirar Brasil da crise

Colaboração
Nelza Oliveira
Primeira Linha Comunicações

Aben defende as PPPs como forma de viabilizar a participação privada na geração nuclear e fomentar a transferência de tecnologia

A estruturação de projetos para financiar investimentos de longo prazo em infraestrutura de geração nuclear pode ser, hoje, a alternativa para o Brasil retomar o desenvolvimento nacional. “O alto grau de desenvolvimento tecnológico e científico necessário para o domínio da tecnologia nuclear abrange diversas ramificações estratégicas da indústria (metal-mecânica, eletro-eletrônica, química, ensaios não destrutivos etc.), que poderiam alavancar a inovação tecnológica no País na geração de energia via nuclear e na produção de radioisótopos para uso na indústria, medicina e agricultura”.

A opinião é do Presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Antonio Teixeira, que participa nos próximos dias 20 e 21 do 7o Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2016), auditório da sede do Sinduscon – Rio (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro), na Rua do Senado, 213, 2o andar, no Centro do Rio de Janeiro. Segundo Teixeira, os investimentos são elevados, porém necessários, visto que é imprescindível acrescentar fonte de energia firme na matriz energética nacional num cenário de demanda crescente. “A dificuldade do governo é estruturar projetos para financiar esses investimentos de longo prazo, o que reforça a necessidade de uma política de Estado para o setor nuclear”, alerta.

O presidente da Aben enxerga no momento um cenário promissor em todo o mundo para o setor nuclear, pois existe uma demanda por fontes de energia que não emitam gases de efeito estufa. “Neste contexto, a energia nuclear é a melhor opção. Atualmente, há 60 usinas nucleares em construção no mundo em 15 países”, acrescenta Teixeira. No Brasil, em decorrência de dificuldades econômicas e políticas, os investimentos na área nuclear estão momentaneamente suspensos, afetando tanto a construção de usinas de potência, como Angra 3, quanto o projeto de reatores produtores de radioisótopos para uso na medicina, na indústria e na agricultura, como o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). 


Decisão política


Para o Presidente da ABEN, falta ao Brasil hoje, principalmente, uma política de Estado para a área nuclear, sendo, portanto, uma questão de decisão política. Na sua visão, a participação privada pode ser o caminho para alavancar recursos:

“Na realidade brasileira, a PPP (Parceria Público-Privada), mantendo o controle do Estado, seria a forma mais indicada para viabilizar a participação privada nos investimentos em infraestrutura da geração nuclear e fomentar a transferência de tecnologia durante o processo, defende. Comparativamente com outras fontes utilizadas para a geração de energia elétrica em larga escala, no seu entender o investimento em energia nuclear se justifica também do ponto de vista ambiental, pois essa fonte não é sazonal como as energias alternativas, não emite gases de efeito estufa como as termoelétricas a combustível fóssil e não requer o alagamento de vastas áreas como as hidrelétricas”.

Uma barreira que precisa ser vencida é a aceitação pública da energia nuclear no País, que continua sendo um grande desafio, necessitando o apoio da opinião pública que pode ser obtido após uma ampla discussão de vantagens e desvantagens da adoção dessa fonte de energia com a sociedade: “O acidente de Fukushima, em março de 2011, teve um forte impacto negativo na aceitação pública da energia nuclear, o que colaborou para reverter uma tendência mundial de crescimento desta forma de energia. Os países que utilizam a energia nuclear revisaram seus programas nucleares e políticas regulatórias, visando atender novos aspectos de segurança e reforçar a confiança da opinião pública nesse tipo de energia”, explica Antonio Teixeira.

Outra questão, a seu ver, é a geração de mão de obra qualificada. Com muitos profissionais se aposentando e outros buscando outras opções no Brasil e no exterior, é preciso buscar maneiras de suprir o mercado e despertar o interesse dos jovens. Na sua visão, o setor precisa adotar medidas urgentes para a captação de novos talentos para repor os quadros que se aposentaram, treinamento específico na área nuclear (tanto de nível superior como de nível médio) e fixação do quadro de profissionais mediante um plano adequado de cargos e salários e projetos inovadores e de relevância nacional que não sofram descontinuidade.


SIEN 2016


O SIEN 2016 tem por objetivo dinamizar o debate e apresentar soluções e novas tecnologias para o desenvolvimento nuclear, criando um espaço importante para a discussão e intercâmbio técnico-profissional, além de um ambiente favorável para a realização de negócios. Tendo como tema central este ano “Um novo modelo de financiamento para o negócio nuclear”, o SIEN reúne empresas públicas e privadas, governo, fabricantes de equipamentos, suprimentos, tecnologia, empresas de engenharia e projetos, institutos de pesquisa, associações técnicas, profissionais e empresariais, nacionais e internacionais.



O evento é promovido anualmente pela Planeja & Informa Comunicação e Casa Viva Eventos. As inscrições para o SIEN 2016 podem ser feitas pelo e-mail inscricao.planeja@gmail ou pelo site www.sienbrasil.com e telefones (5521) 2215-2245 / 2244-6211. As empresas interessadas em participar do evento e da feira de negócios paralela EXPONUCLEAR como patrocinadoras ou trazendo suas tecnologias para a mesa de debates, podem entrar em contato com a Planeja e Informa Comunicação e Marketing através do e-mail informacoes@sienbrasil.com- telefone: (55 21) 2215-2245. Estudantes contam com 50% de desconto.

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