quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Audiência pública discute instalação de reator nuclear em Iperó

O reator deve ficar pronto em 2018.
Serão desenvolvidas pesquisas e produção de materiais.


Na primeira reunião com a população técnicos explicaram a atuação do novo reator nuclear (Foto: Reprodução/TV Tem)

O governo federal pretende instalar no Centro Experimental da Marinha, em Iperó (SP) um reator nuclear. Segundo a coordenação do projeto, o principal objetivo é o desenvolvimento de pesquisas e produção de materiais usados na medicina. O estudo de impacto ambiental para a instalação da unidade que vai abrigar o reator já foi aprovado pelo Ibama. Agora, começam as audiências públicas para discutir e esclarecer moradores sobre os riscos e benefícios.

Foi a primeira audiência pública para discutir a instalação do reator nuclear. Durante três horas, moradores de Iperó ouviram explicações sobre o reator. O Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) está previsto para ficar pronto em 2018. Ele será instalado em uma área de 2 milhões de metros quadrados que fica ao lado do Centro Experimental Aramar.
O RMB será voltado à pesquisa para a produção de elementos químicos e fontes radioativas para a saúde, indústria, agricultura e meio ambiente. Também vai testar a irradiação de materiais e de combustíveis nucleares, além de realizar pesquisas científicas. "Esse reator vai ter o objetivo principal de produzir radioisótopos que são usados principalmente na medicina nuclear", disse José Augusto Perrota, coordenador técnico RMB.
O custo total da infraestrutura deve chegar a R$ 1 bilhão. Segundo o coordenador do projeto de construção do RMB, o quinto reator nuclear de pesquisa instalado no Brasil vai permitir que o Brasil dependa menos da importância de elementos químicos como molbidênio e iodo. "Nós importamos o molibidênio 99 e custa US$ 500 cada unidade. E o Brasil importa 450 por semana e distribui para mais de 300 clínicas no Brasil", disse o coordenador.
Desde que foi divulgado o projeto do reator nuclear, muitos moradores de Iperó se posicionaram contra. Eles temem acidentes nucleares semelhantes ao da usina de Fukushima, no Japão, em 2011. "No mundo inteiro esses reatores de pesquisa ficam muito próximos, dentro de universidades, dentro de centros de pesquisa e eles são seguros. Para fazer uma comparação prévia: a usina de Angra 2 gera 3.900 megawatts térmicos, o nosso reator são 30 megawatts. Então, ela utiliza 105 toneladas de urânio e nós usamos 35 quilos de urânio", explicou José Augusto. 
Uma comissão foi formada por representantes da sociedade civil para tentar impedir a obra. "Não existe 100% de segurança em termos de reator nuclear. E não importa em qual país, qual grau de desenvolvimento tecnológico, a qualidade investida, é impossível ter 100% de segurança. A Agência Internacional de Energia Nuclear recebe, por ano, cerca de 15 notificações de problemas de vazamentos, pequenos acidentes que acontecem nas usinas nucleares pelo mundo. E tem o problema do lixo. O lixo atômico permanece radioativo por cerca de 100 mil anos. A história da humanidade tem cerca de 50 mil anos. Imagina 100 mil anos, o que fazer? É uma herança maldita que eu não quero deixar para as próximas gerações", afirma o sociólogo Bruno Franqui.
Outra audiência pública será realizada nesta quarta-feira (23) em Sorocaba. Será às 19h30, na Sala Fundec, na rua Brigadeiro Tobias, 73, no Centro. E nesta quinta-feira (24) a discussão será em São Paulo, no auditório do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. O horário também será às 19h30.

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