A meta do Ipen, responsável pelo projeto, é que o equipamento entre em funcionamento no final de 2018
Giuliano Bonamim
Adival B. Pinto
O RMB será composto de instalações nucleares, radioativas e de suporte que não contêm material nuclear ou radioativo.
A cidade de Iperó terá o maior reator nuclear de pesquisa do país. É o que revela o Relatório de Impacto Ambiental, elaborado e apresentado em setembro pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). O equipamento será usado no ramo da medicina nuclear, para o diagnóstico e tratamento de cânceres, e nas pesquisas voltadas à agricultura, energia, ciência dos materiais e ao meio ambiente. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) espera que o projeto entre em funcionamento no fim de 2018.
O documento detalha de forma didática as características que envolvem o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em Iperó. A lista inclui a descrição das instalações, a escolha do local, o motivo da construção, as expectativas ambientais e os riscos de acidentes.
O projeto prevê a construção do RMB em um terreno localizado no quilômetro 10 da Rodovia Municipal Bacaetava - Sorocaba, em Iperó. A área tem o tamanho de aproximadamente 2 milhões de metros quadrados e fica ao lado do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP).
A escolha do terreno foi estratégica. O relatório deixa claro que o RMB precisa estar fora de grandes centros populacionais e próximo aos laboratórios de fabricação de radiofármacos — inseridos no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) —, de forma a otimizar o processo de produção.
A estrutura deve ainda ficar perto do acesso a "boas rodovias" e na proximidade de um aeroporto para o envio de material radioativo aos vários pontos do país e do exterior.
O RMB será composto de instalações nucleares, radiativas e de suporte que não contêm material nuclear ou radioativo. "A concepção e o projeto seguem rígidas normas nacionais e internacionais de segurança das áreas nuclear e convencional para que seja o menor possível o risco de ocorrência de um evento anormal ou acidente envolvendo a operação", diz o texto.
Já a avaliação de impacto ambiental ressalta a remoção da cobertura vegetal na área diretamente afetada pelo empreendimento, nas vias de acesso e canteiros de obras. O documento mostra também a implementação de planos para a qualidade do ar, dos níveis de barulho, de aumento de vulnerabilidade à erosão, de geração de lixo e da alteração na qualidade das águas superficiais.
De acordo com Afonso Rodrigues de Aquino, pesquisador e integrante da assessoria de comunicação institucional do Ipen, a construção do RMB deve alterar o comportamento da região. "Tudo indica que o empreendimento irá agregar cerca de 500 empregos diretos, fora os indiretos e a chegada de novas empresas e indústrias", diz.
O reator de pesquisa terá 30 MW de potência e será construído em uma área adjacente ao Centro Experimental Aramar (CEA), da Marinha do Brasil, onde é desenvolvido o protótipo do submarino nuclear brasileiro. Nas proximidades encontra-se a Floresta Nacional de Ipanema (Flora), uma unidade de conservação administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no bioma Mata Atlântica.
Link original: http://www.ipen.br/sitio/?idm=179
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