publicado em 15/03/2011 às 19h09
O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, buscou demonstrar nesta terça-feira (15) que o Brasil não corre os mesmos riscos que o Japão em relação a suas usinas nucleares.
Desde a última sexta-feira (11), quando foi atingido por um forte terremoto e um tsunami, o país asiático convive com a ameaça de um desastre nuclear devido a problemas nos reatores da usina de Fukushima, que fica a 240 km de Tóquio.
Além de destacar que no Brasil não ocorrem terremotos, já que o país está no centro de uma placa tectônica, Mercadante disse que as usinas de Angra dos Reis (RJ) têm uma estrutura mais reforçada.
Na usina japonesa, quatro reatores explodiram desde a semana passada, causando o temor de que o vazamento radiativo afete a saúde da população.
- O Brasil nunca viveu terremotos na escala que no Japão é recorrente, e nunca tivemos tsunamis ou maremotos. Nós não podemos fazer associação com cenário semelhante ao que aconteceu no Japão.
O ministro lembrou que na região de Angra ocorrem inundações e desmoronamentos, mas reiterou que as usinas estão “blindadas” contra esses desastres. Segundo ele, as usinas estão 2,5 m acima da maior projeção de inundação para o local.
Junto com técnicos da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), responsável pela segurança das usinas brasileiras, Mercadante disse que novas regras devem ser adotadas após o ocorrido no Japão.
Ele afirmou que o governo seguirá todas as medidas para que o sistema continue seguro, mesmo com exigências internacionais mais rigorosas.
- Essa lição que sai daí será absolutamente indispensável a um padrão de concessão do funcionamento das usinas instaladas e que eventualmente virem a ser instaladas.
Nos próximos dias, o CNEN deve disponibilizar, na internet, relatórios diários sobre a situação da emissão de material nuclear no Japão.
Novas usinas
Em entrevista à imprensa, Mercadante seguiu o script já ensaiado pelo governo de não voltar atrás nos planos do Brasil de construir novas usinas de energia atômica nas próximas décadas. Está prevista a construção de quatro unidades, no Nordeste e no Sudeste.
Hoje, existem duas em funcionamento e uma em construção em Angra dos Reis (RJ). O ministro destacou a importância da energia nuclear no mundo e no Brasil como uma fonte limpa e alternativa às emissões de gás carbônico (CO2), que poluem a atmosfera.
Mercadante falou também sobre o acordo firmado por Brasil e Argentina para construir um reator nuclear que será usado para várias finalidades, inclusive na área médica. A parceria foi tema da visita que a presidente Dilma Rousseff fez ao país vizinho no fim de janeiro.
- Estamos construindo um pequeno reator para produzir material radioativo para medicina. Para o Brasil ter autonomia, soberania na produção de medicamentos para a saúde da população e para baixar o custo desses insumos, nós vamos construir esse reator de radioisótopos. É um reator relativamente barato, pequeno, ele não produz energia nuclear e só produz insumos para medicina.
O ministro recordou que Brasil e Argentina compartilham informações sobre a área nuclear há 20 anos e explicou que a nova unidade não oferecerá qualquer risco ao país.
- É um reator pequeno, que nunca, jamais teve qualquer tipo de incidente em qualquer parte do mundo. É um reator que nós devemos manter. Os grandes reatores de energia, é aí que nós temos que discutir medidas mais rigorosas de segurança.
Mercadante ressaltou que o material radioativo é essencial para a realização de exames como tomografia e tratamentos de radioterapia.
Link original: http://noticias.r7.com/brasil/noticias/ministro-descarta-risco-de-acidente-nuclear-no-brasil-20110315.html
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