quarta-feira, 7 de abril de 2010

Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear


Primeira instituição criada no Brasil voltada especificamente a trabalhos da área nuclear, o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) integra a estrutura federal de pesquisas nesse campo. Criado em 1952 sob a denominação de Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR), o Centro também foi a primeira unidade fora dos EUA a receber um reator TRIGA, um dos modelos mais usados em pesquisas.

O CDTN é vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia do Ministério da Ciência e Tecnologia. Com uma equipe de cerca de 600 colaboradores – entre servidores efetivos, bolsistas, estagiários, terceirizados e voluntários – o CDTN presta serviços e mantém cooperação técnica com entidades nas áreas pública e privada, universidades e hospitais, com destaque para as empresas dos segmentos elétrico, mineral, siderúrgico e petrolífero.

O trabalho do Centro está organizado em sete grandes áreas: ensino e capacitação, materiais, meio ambiente, mineral, saúde, segurança nuclear e tecnologia nuclear.

Com base na missão de gerar e compartilhar conhecimento que resulte em benefícios para a sociedade, de forma ética e segura, há uma busca permanente pela excelência na gestão. Desde 1997, o Centro integrou-se ao projeto Excelência na Pesquisa Tecnológica, da Abipti. Em 2003 e 2005, o CDTN conquistou a Faixa Bronze no Prêmio Mineiro da Qualidade.

Ensino e Capacitação

O conhecimento e experiência acumulados no CDTN devem estar a serviço da sociedade. Consciente do seu papel, o Centro tem forte atuação na formação de recursos humanos especializados, além de contribuir com a capacitação de profissionais de diversas áreas como segurança e medicina.

Em 2002, foi implantado o curso de mestrado em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, com 24 dissertações defendidas até julho de 2006. Os pesquisadores do CDTN atuam, também, como professores convidados em cursos de pós-graduação por meio de convênios com universidades e outros centros de pesquisa. Para estimular novos talentos são concedidas bolsas de pesquisa e iniciação científica.

São oferecidos cursos regulares sobre os mais variados aspectos da tecnologia nuclear e áreas correlatas. Por exemplo, os operadores de reatores das usinas nucleares de Angra 1 e 2 também são treinados no reator de pesquisas TRIGA do CDTN. Até 2003, foram 245 profissionais em 25 turmas.

O Centro oferece, ainda, capacitação de fiscais da Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde e de oficiais e sargentos do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em temas relativos à área nuclear. Já recebeu, também, visita técnica de 25 turmas do Curso de Especialização em Defesa Química, Biológica e Nuclear do Ministério do Exército, para treinamento em proteção radiológica.

Materiais

A área de materiais oferece vários serviços que resultam em produtos e processos inovadores. A indústria utiliza a tecnologia nuclear para fabricação de combustível nuclear cerâmico e metálicos, além de materiais sintetizados. Pesquisas com coeficientes de difusão de materiais de interesse nuclear, da eletrocondutividade iônica e condutividade térmica de materiais poliméricos, cerâmicos e compósitos também estão sendo realizadas.

A avaliação de integridade estrutural é outro trabalho desenvolvido pela área e consiste na aplicação de técnicas, tais como análise de tensões, mecânica da fratura, ensaios mecânicos e não-destrutivos, corrosão sob tensão, caracterização microestrutural e soldagem. Essas técnicas permitem identificar o tempo de vida útil de um componente estrutural.

O CDTN possui, ainda, laboratório de física aplicada, que dedica-se à síntese e ao estudo das nanoestruturas – materiais de propriedades físicas determinadas por estruturas e dimensões da ordem do nanômetro (um milímetro dividido um milhão de vezes).

Os materiais nanoestruturados são inovações que trazem avanços na economia, saúde, meio ambiente, indústria, entre outras áreas. Um exemplo é a presença da nanotecnologia em pesquisas do setor aeroespacial, que estudam o uso de nanotubos de carbono na estrutura de veículos de lançamento de foguetes, ampliando sua resistência térmica e mecânica.

Meio Ambiente

A partir de técnicas nucleares, o CDTN atua no meio ambiente buscando soluções para exploração segura e racional dos recursos naturais, monitorando níveis de poluição do ar e da água, datando superfícies e sedimentos e avaliando os impactos ambientais.

Entre as técnicas utilizadas, destaca-se o uso de traçadores, materiais radioativos de baixa atividade. Com os traçadores, realizam-se estudos em hidrologia de superfície, subterrânea e morfologia costeira, estudos de sedimentos como vetor de contaminação por metais pesados e outras substâncias, entre outros. Também existem atividades multidisciplinares para localização e apoio ao licenciamento de instalações nucleares e convencionais.

Por sua ampla experiência em estudos hídricos, o CDTN foi escolhido pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para participar do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentado do Sistema Aqüífero Guarani, o principal em andamento no mundo.

Destaca-se também a atuação do CDTN no processo de recuperação da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, em parceria com a Prefeitura local.

Mineral

A área mineral contribui ativamente para o avanço da tecnologia mineral do Brasil. O Centro desenvolve e otimiza processos de recuperação de diferentes tipos de minerais, com redução de custos e do impacto ambiental. Neste sentido, são prestados serviços a instituições diversas como mineradoras, por exemplo.

A área mineral atua em três setores distintos: concentração mineral, hidrometalurgia e geologia, apoiados por laboratórios de difração de raios-X, análises químicas, extração por solventes e preparação de lâminas de rochas e minerais.

Otimização de processos industriais, estudos e microscopia ótica em diversos minérios, recuperação de rejeitos de mineração e a utilização racional de recursos minerais com redução do impacto ambiental são alguns temas pesquisados. Na área de inclusões fluidas são estudados os tipos, formações, ocorrência, alterações e a cronologia dos minerais.

O CDTN atende a indústria mineral brasileira no desenvolvimento de processos físicos de concentração de minérios radioativos e/ou convencionais, com ênfase na técnica de flotação em coluna, entre outros serviços.

Saúde

Técnicas nucleares aplicadas na área de saúde contribuem para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. O CDTN irradia, por ano, cerca de duas mil bolsas de sangue e hemoderivados. A irradiação de sangue inibe a divisão dos linfócitos T, o que diminui o risco de pacientes transplantados sofrerem rejeição de órgãos e tecidos.

As fontes radioativas também são usadas para esterilizar luvas cirúrgicas, fraldas descartáveis, seringas e outros produtos hospitalares, que não resistiriam às temperaturas dos métodos tradicionais.

Merece destaque, ainda na área de saúde, a pesquisa do CDTN sobre o diagnóstico da leishmaniose, um dos principais problemas de saúde pública no Brasil. A aplicação de sondas radioativas de DNA, marcadas com fósforo-32, caracteriza o tipo de leishmania causadora da doença, com precisão e de forma mais rápida que os métodos convencionais.

Um grande avanço na área de saúde é a aquisição de um cíclotron no CDTN, que vai possibilitar a realização de exames utilizando a Tecnologia de Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET), contribuindo para a detecção precoce de doenças graves como o câncer.

Outra aplicação que traz grandes benefícios é a irradiação de alimentos, técnica que permite maior tempo de conservação dos produtos sem perder suas propriedades.

Segurança Nuclear e Radiológica

O uso da tecnologia nuclear está diretamente ligado às condições de segurança. No CDTN são respeitados os padrões internacionais vigentes, além de serem buscados continuamente novos métodos que tragam segurança aos usuários dessa tecnologia e ao meio ambiente.

No gerenciamento dos rejeitos radioativos, o CDTN é referência nacional e internacional, participando de projetos em conjunto com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para operações de acondicionamento de agulhas de Rádio da área médica, já fora de uso, em países da América Latina e Caribe.

Responsável pelo tratamento e armazenamento de rejeitos de baixo e médio nível de radiação, o CDTN dispõe de laboratório de desmonte de fontes. Com essa instalação, o que era considerado rejeito pode ser reaproveitado, por meio da análise da atividade de cada fonte, que determina suas possíveis aplicações. Isso representa menos volume de rejeitos e mais segurança.

E, para melhorar ainda mais as condições de armazenamento desses materiais, estão sendo desenvolvidos estudos com polímeros, que apresentam vantagens potenciais para uso nesta área. Outra pesquisa está focada em novos amortecedores de impacto para aumentar a segurança das embalagens de transporte de materiais radioativos. O CDTN também trabalha no sentido de ampliar a confiabilidade no uso das radiações ionizantes, prestando serviços na área de dosimetria e calibração dos instrumentos.

Tecnologia Nuclear

Pesquisas e estudos que trazem inovações em diversas áreas estratégicas têm a tecnologia nuclear como aliada para enfrentar esses desafios. O CDTN realiza cálculos de criticalidade de instalações nucleares, desenvolve pesquisas e presta serviços na aplicação das técnicas nucleares em setores como saúde, meio ambiente, indústria e mineralogia.

O Centro abriga o único reator de pesquisas do modelo TRIGA no Brasil, onde são treinados os operadores das usinas Angra 1 e 2. Em operação desde 1960, suas principais aplicações são análises por ativação neutrônica, técnica que permite analisar 70% dos elementos químicos. Outro serviço importante é a produção de radioisótopos, material radioativo de baixa atividade usado, principalmente, como traçador em estudos ambientais e industriais.

Um recente projeto do Centro, com o uso desses traçadores, vem ajudando a Petrobras a avaliar a eficiência da recuperação do petróleo e o caminho percorrido pelo fluido no subsolo. É possível identificar obstruções em linhas de dutos, medir vazão e localizar fugas em linhas e conexões.

Já as principais aplicações da radiação gama são estudadas no Laboratório de Irradiação Gama (LIG), que completou, em 2006, dez mil horas de operação. Construído em 2002, o LIG desenvolve pesquisas com irradiação de alimentos e também em fios e cabos elétricos, além de prestar serviços de irradiação de materiais cirúrgicos, sangue e hemoderivados.

Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear – CDTN
Campus Universitário da UFMG
Rua Prof. Mário Werneck s/n – Pampulha
Caixa Postal 941 – CEP 30123-970
Belo Horizonte – Minas Gerais
(31) 3499-3321

Nenhum comentário:

Postar um comentário