quarta-feira, 5 de agosto de 2015

As várias aplicações da energia nuclear

Nosso cotidiano já está repleto de radiatividade que trazem benefícios. A tendência é que as técnicas aumentem o campo de exploração




Você já imaginou comer uma fruta esterilizada por irradiação? Parou para pensar nos exames rotineiros do check-up, que também fazem uso de produtos radioativos? Dificilmente você acharia que a energia nuclear pode ser uma aliada no meio ambiente. Os elementos nucleares utilizados na área da indústria, agricultura e medicina são os radioisótopos, ou seja, isótopos (variantes dos elementos químicos), que emitem três tipos de radiação: partículas alfa e beta, e onda eletromagnética gama. Elas podem até atravessar a matéria ou serem absorvidas por ela, o que possibilita múltiplas aplicações.

Dependendo da energia que possuam, as radiações emitidas podem ser detectadas onde estiverem, através de aparelhos apropriados, denominados detectores de radiação. Dessa forma, o deslocamento de um radioisótopo pode ser acompanhado e seu percurso ou “caminho” ser “traçado” em um mapa local, que são os traçadores radioativos. “Ser radioativo não significa necessariamente que você tenha uma reação em cadeia (como acontece nos reatores nucleares). São processos que, em princípio, não estão ligados ao núcleo do átomo”, explica o coordenador do curso de Física da UFC, Carlos Alberto Santos.
Medicina
Na Medicina, a radiação pode ser usada na forma diagnóstica ou de tratamento. As radiografias (Raio X), mamografias e tomografias, por exemplo, utilizam material radioativo no equipamento. “São geradas ondas eletromagnéticas e cada onda tem uma velocidade, que é gerada pelo equipamento para fins específicos. Na tomografia, por exemplo, o paciente deita e a energia elétrica passa e joga raio no paciente. A máquina faz a imagem de como as estruturas do corpo absorvem mais aquela substância”, explica o presidente da Sociedade Cearense de Radiologia, Pablo Picasso. 

Mas há ainda exames onde o material radioativo (chamado de radiofármaco) é ingerido pelo paciente. “Nesse caso, a gente faz a imagem com o que esse material emite de radiação para a máquina”, destaca o especialista em Medicina Nuclear, Régis Nogueira. A diferença é que nesses tipos de exames (os mais comuns são as cintilografias óssea e do miocárdio) são estudadas as funções do corpo, quando na tomografia, por exemplo, o foco é a anatomia do corpo. O radiofármaco é dado por via oral ou venosa ao paciente, se distribui pelo corpo e a imagem é feita. Conforme Régis, a eliminação desse material se dá através da urina ou fezes. A energia gama é usada neste tipo de diagnóstico.

No tratamento de radioterapia, o princípio de utilização do radiofármaco é o mesmo da imagem, mas muda o radioisótopo. “As partículas têm mais poder de ionização. Na radioterapia, procura-se minimizar a radiação, usando-a apenas na área onde precisa atuar”, explica o especialista. Para que os efeitos sejam centralizados, cada paciente passa por um planejamento radioterápico, que evita a emissão de radiação para outros órgãos. O tratamento é possível através de aceleradores lineares, equipamentos que fornecem energia a feixes de partículas e possibilitam a concentração de energia em pequeno volume e em posições controladas da forma que precisa. (Sara Oliveira)

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