Previsto para julho de 2016, Centro da Memória Médica funcionará como museu da área de saúde
por Renan França
RIO - O entorno do prédio está completamente diferente. Voltado para a Baía de Guanabara, o edifício da Academia Nacional de Medicina (ANM), ao lado do Aeroporto Santos Dumont, não tem mais o viaduto da Perimetral à frente. As ruas estão reformadas, e caminhar pelas calçadas da região ficou mais agradável. Só que as mudanças não ocorrem apenas do lado de fora. O prédio da ANM, que acabou de ser reformado, tem um novo presidente, o urologista Francisco Sampaio, que, eleito este mês, assumiu o cargo com um objetivo: aproximar a academia da sociedade. A investida tem até data para se concretizar — julho de 2016. Trata-se do Centro da Memória Médica, que, na prática, funcionará como um museu da área de saúde, conforme adiantou a coluna de Ancelmo Gois.
— Temos uma história de quase 200 anos, e o público não nos visita. Quem nos procura são médicos e estudantes. Vamos nos abrir para distribuir um pouco de conhecimento, queremos contar a história do país e da medicina brasileira — diz Sampaio. — O diretor do museu será o médico José Luís Gomes do Amaral, de São Paulo, que terá a missão de atrair o público.
Quando estiver pronto, o museu funcionará no primeiro andar do prédio da ANM, na Avenida General Justo 365, no Centro. O público poderá ver mais de 300 peças, distribuídas em 600 metros quadrados. Objetos como o primeiro estetoscópio do país e o atestado de óbito de dom Pedro II, que morreu em 1891 em Paris, estão entre os destaques.
— Praticamente tudo que está aqui dentro é histórico. Temos uma coleção de 50 quadros que também podem ser exibidos. O mais importante é uma pintura de Portinari. Também temos medalhas do tempo do Império — conta Sampaio.
Dom Pedro I fundou a ANM em 30 de junho de 1829. Mas foi seu filho, conhecido como o grande patrono das ciências, que se tornou frequentador do lugar, depois que se tornou imperador. Também estarão expostos no museu cadeiras e mesas do tempo do Império, que foram restauradas, e óculos feitos de casco de tartaruga e ouro que pertenceram ao próprio dom Pedro II.
No passado, a ANM funcionava como um órgão que auxiliava o governo em assuntos de saúde e higiene. Mas, como admite Sampaio, perdeu um pouco da influência com o passar do tempo. Durante seu mandato de dois anos, ele pretende mudar esse quadro.
— A partir do mês que vem, teremos mesas de debate sobre assuntos contemporâneos da medicina. Vamos discutir, por exemplo, a respeito de pacientes que estão em estágio terminal e desejam morrer. Vamos falar de dengue, do tratamento de doenças. Ao final de cada reunião, produziremos um documento, que vamos encaminhar ao governo — diz Sampaio. — A academia reúne a excelência do conhecimento na área da saúde do país. Nós vamos voltar a ocupar a posição de destaque que podemos ter.
Link original: http://oglobo.globo.com/rio/com-novo-diretor-academia-nacional-de-medicina-abre-as-portas-para-sociedade-17131995
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