Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) esclarece que o desabastecimento impacta na realização de exames de PET-CT – utilizados para diagnosticar câncer como linfoma e outros.
Fonte: Jornal Dia a Dia
Isso ocorre devido à paralisação dos funcionários do Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN), órgão responsável pela da produção deste material, que teve início nesta semana, em 18 de julho, e permanece até o momento. Em nota enviada aos serviços de medicina nuclear, o Centro de Radiofarmácia do IPEN lamentava noticiar o desabastecimento de Fluor-18.
O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Claudio Tinoco, esclarece que o acesso ao Fluor-18 é essencial para a medicina nuclear – no manejo clínico do paciente encaminhado para o diagnóstico de cânceres. Tinoco explica que, diferentemente de outras substâncias que podem ser estocadas para uso na medicina, o Flúor-18 tem duração somente de duas horas, o que torna "impossível tê-lo armazenado na clínica e o fornecimento precisa ser diário para garantir o serviço”, explicou o presidente da SBMN.
Em março de 2015 os funcionários também haviam paralisado a produção, em protesto pela falta de recursos para pagamento dos insumos importados e nacionais e pela interrupção de gratificação dos trabalhadores.
Mais informações
Podem ser impactados os exames diagnósticos via PET-CT oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de câncer de pulmão de células não-pequenas; câncer colorretal com metástase exclusivamente hepática com potencial ressecável e linfomas de Hodgkin e não Hodgkin.
Já por vias da saúde suplementar devem ser impactados as análises via PET de nódulo pulmonar solitário, câncer de mama metastático, câncer de cabeça e pescoço, melanoma e câncer de esôfago.
Monopólio da produção
Atualmente o IPEN comercializa produtos para 430 clínicas e hospitais de medicina nuclear, sendo um terço deste material consumido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além do IPEN, a produção de radiofármacos também é feita no Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, em unidades ligadas ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicação (MCTIC). No caso de radioisótopos com mais de duas horas de vida ativa, denominados de "meia-vida longa” – a Constituição determina que a produção é de responsabilidade exclusiva do Estado brasileiro.
Para a SBMN um caminho para reduzir esta instabilidade no fornecimento de matéria-prima da medicina nuclear é a abertura do mercado de radiofármacos. A expectativa da Sociedade com esta medida é facilitar o crescimento da medicina nuclear nacional, por meio da livre concorrência, como ocorre no segmento medicamentoso.
Entenda o que é o PET-CT
Por meio da fusão de imagens de tomografia computadorizada convencional (CT, do inglês computed tomography) ao PET (do inglês pósitron emission tomography), originou-se o método híbrido ao qual se denomina "PET/CT”.
PET-CT é uma tecnologia que utiliza os radiofármacos e atua como ferramenta de diagnóstico e estadiamento de doenças, podendo também registrar a resposta de um determinado tumor aos tratamentos cirúrgico ou quimio-radioterápico.
Tatiana Almeida e Igor Dias
Nenhum comentário:
Postar um comentário