sábado, 23 de julho de 2016

Medicina Nuclear e os impactos da greve de funcionários do IPEN


A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) estima que com a continuidade da paralisação dos funcionários do Ipen e o bloqueio da saída da produção de radiofármacos do instituto, anunciados após assembleia realizada na manhã de 21 de junho, podem ser impactados mais de 10 mil pacientes por dia que necessitam dos procedimentos da medicina nuclear, tanto para fins diagnósticos quanto terapêuticos.
A situação é alarmante e insustentável. Desta forma, a medicina nuclear brasileira poderá parar, porque atualmente o IPEN detém o monopólio da produção de radioisótopos denominados de meia vida longa, matéria-prima de exames como a cintilografia do miocárdio, utilizada por pacientes com doenças cardiovasculares; que para ser realizada depende de uma substância denominada tecnécio, um radioisótopo produzido e vendido apenas pelo Instituto. Da mesma forma, o iodo-131, empregado em tratamentos de pacientes com câncer de tireoide.
Pacientes oncológicos, com câncer de pulmão, colorretal e linfoma, entre outros, que necessitem do exame PET-CT – tecnologia que utiliza o radioisótopo Flúor-18, também podem ser afetados.
Para a SBMN um caminho para reduzir esta instabilidade no fornecimento de matéria-prima da medicina nuclear é a abertura do mercado de radiofármacos. A expectativa da Sociedade com esta medida é facilitar o crescimento da medicina nuclear nacional, por meio da livre concorrência, como ocorre no segmento medicamentoso.
Uma nova assembleia deve ocorrer na sexta-feira, dia 21 de julho.
Mais informações sobre a Greve
A paralisação de funcionários do IPEN teve início na segunda-feira, dia 18 de julho. Os trabalhadores reivindicam uma mudança no Projeto de Lei nº 33/2016, que diz respeito ao reajuste salarial de funcionários federais, segundo esclarece Claudio Manoel Constâncio, diretor da Associação dos Servidores do Ipen (Assipen).
Em entrevista cedida ao portal G1, Constâncio explicou que os técnicos ficaram de fora desse projeto, o que na prática pode significar que, além de não receberem o reajuste previsto de 5% para este ano e 5% para o ano que vem, eles perderiam a gratificação de qualificação, que representa 40% da remuneração desses funcionários. O projeto de lei já passou pela Câmara e pelo Senado e aguarda sanção presidencial.
“Fomos ao governo e eles reconhece o erro, mas dizem que não tem como alterar o projeto de lei”, diz Constâncio. Segundo ele, a lei afetaria todos os técnicos da área de Ciência e Tecnologia da esfera federal, cerca de 8 mil pessoas.
Constâncio afirma que os técnicos fecharam o setor de produção de radiofármacos nesta quinta-feira (21) e que a categoria também vai boicotar a ida de 30 técnicos para Manaus e Salvador como parte da aplicação do protocolo de segurança para material radioativo durante a Olimpíada.
A SBMN lembra que em março de 2015 os funcionários também haviam paralisado a produção, em protesto pela falta de recursos para pagamento dos insumos importados e nacionais e pela interrupção de gratificação dos trabalhadores.
Também em retorno ao portal G1, o superintendente do Ipen, José Carlos Bressiani, relatou que o movimento já provocou atrasos na entrega de radiofármacos na segunda e na terça-feira. Exames e procedimentos marcados para esses dias tiveram de ser remarcados.
“Estamos deslocando pessoas de outros setores para ajuda na produção, mas a associação decidiu em assembleia bloquear a saída do material. Se isso ocorrer, não vai ter como entregar”, diz. Ele acrescenta que o Ipen está em negociação com a associação de servidores e com o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) para reverter a paralisação.
Leia cobertura da imprensa, que contou com participação da SBMN também.


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