quarta-feira, 7 de abril de 2010

Fatores preditivos sobre a positividade do linfonodo sentinela


Dr. Eduard René Brechtbühl
Dissertação apresentada à Fundação Antônio Prudente para obtenção do título de Mestre em Ciências

INTRODUÇÃO: A Pesquisa do Linfonodo Sentinela (PLS) é atualmente baseada apenas em alguns critérios histológicos da lesão primária. Durante o Congresso do GBM, em 2003, foi publicado o Consenso Nacional que definiu como parâmetros para indicação da PLS a espessura de Breslow > 0,75 mm, ou inferior; se houver ulceração, nível de Clark IV ou V ou ainda regressão. Outros autores definem como indicação da PLS a espessura de Breslow > 1,00 mm (CASCINELLI et al. 2000; CLARY et al. 2001; REINTGEN et al. 2004). Porém, em estudo com 17600 pacientes, BALCH et al. (2001) demonstrou que a localização anatômica do tumor primário e a idade do paciente também são fatores com significância estatística para o comprometimento linfonodal metastático. Recentemente muitos autores têm abordado novos critérios, tanto clínicos quanto histológicos, ampliando a indicação da PLS. CHAO et al. (2004), SONDAK et al. (2004) e THOMPSON e SHAW (2004) demonstraram, em análises uni e multivariadas, que há diferença estatística na taxa de comprometimento linfonodal relacionada com a idade, sendo que esta taxa é mais elevada nos pacientes jovens, sugerindo que se deveria estender a indicação da PLS para este grupo de pacientes, independentemente da espessura de Breslow. SONDAK et al. (2004) e THOMPSON e SHAW (2004) demonstraram, nos mesmos estudos acima citados, que o índice mitótico também tem correlação com o comprometimento metastático do LS, principalmente quando há 6 ou mais mitoses por milímetro quadrado no tumor primário, sugerindo que este fator prognóstico também seja considerado para se indicar a PLS. KESMODEL et al. Em 2005, estendeu esta indicação para os melanomas finos. OLAH et al. em 2003, publicou artigo analisando 134 casos de melanoma cutâneo submetidos a PLS e constatou que a presença de regressão histológica elevou em 10 vezes o risco de comprometimento do LS por metástase. LISZKAY et al. (2005), porém, não identificou tal associação. MRAZ-GERNHARD et al. em 1998, correlacionou fatores clínicos e patológicos com a positividade do LS, concluindo, em análise multivariada, que fatores clínicos não influíram na positividade do LS, enquanto que a presença de uma ou mais características histológicas entre ulceração, microsatelitose, invasão angiolinfática, índice mitótico elevado, presença de infiltrado inflamatório no tumor e regressão seriam consideradas fatores preditivos para positividade do LS. OLIVEIRA FILHO et al. em 2003, relatou que nps melanomas finos, além da presença de ulceração ou índice mitótico elevado, a fase de crescimento vertical também seria um fator preditivo de comprometimento do LS por metástase de melanoma.

OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi correlacionar fatores clínicos e histopatológicos do tumor primário com a positividade do linfonodo sentinela para micrometástase de melanoma e procurar identificar grupos de risco.

PACIENTES E MÉTODOS: Foram avaliados retrospectivamente os prontuários dos pacientes portadores de melanoma cutâneo tratados no Departamento de Oncologia Cutânea do Hospital do Câncer – A. C. Camargo, no período de setembro de 1997 até dezembro de 2003. Os critérios de inclusão foram: Pacientes portadores de melanoma cutâneo primário ou aqueles cuja lesão primária foi previamente biopsiada e que foram operados no Hospital A. C. Camargo e com o diagnóstico comprovado por revisão de lâminas, período de seguimento mínimo de 2 anos. Os critérios de exclusão foram: Pacientes previamente submetidos à ampliação das margens cirúrgicas; pacientes submetidos a PLS, mas o LS não foi encontrado/identificado durante a cirurgia; pacientes submetidos a PLS em outra instituição; pacientes que não foram seguidos por no mínimo dois anos.

RESULTADOS E CONCLUSÃO: Dos 265 pacientes analisados, o LS foi positivo para micrometástase de MC em 54, sendo este grupo denominado LS +. Os demais 211 pacientes, cujo LS foi negativo, foram reunidos no grupo LS -. Em análise univariada, as características clínicas relacionadas com maior índice de comprometimento metastático do linfonodo sentinela foram: fototipo de pele, ulceração clinicamente identificada na lesão primária, quando o melanoma foi oriundo de nevo congênito, o tamanho médio ou gigante deste. Em análise univariada, a característica clínica relacionada com menor índice de comprometimento metastático do linfonodo sentinela foi: história familiar. Em análises multivariadas, nenhuma característica clínica apresentou impacto estatístico no status do linfonodo sentinela. Entre as características histopatológicas estudadas, foram relacionadas com maior taxa de positividade do LS: sub-tipo acral-lentiginoso de melanoma, espessura do tumor primário (Breslow), nível de Clark IV e V, ulceração histológica, índice mitótico (acima de I mitose por CGA), invasão vascular/linfática, invasão perineural e nódulos satélites. A regressão histológica, em análise univariada, foi correlacionada com menor taxa de comprometimento linfonodal metastático. Em análises multivariadas, apenas a espessura do tumor primário (Breslow) apresentou impacto na positividade do linfonodo sentinela.
Os pacientes portadores de melanoma cutâneo com sub-tipo acral lentiginoso, espessura < 1,00 mm e sem ulceração apresentaram maior risco de comprometimento metastático do LS. O número de óbitos causados por melanoma no grupo LS+ foi 25,5% maior que no grupo LS-.

Melanoma
Boletim Informativo do GBM – ANO IX – NÚMERO 36 – JANEIRO, FEVEREIRO E MARÇO DE 2007

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