sexta-feira, 2 de abril de 2010

Material para exames de câncer continua em falta



Seis meses foi o prazo que as autoridades disseram que seria necessário pra regularizar a situação. Mas isso não aconteceu.

Seis meses atrás, o Jornal Nacional mostrou um problema que afligia milhares de brasileiros que precisavam fazer exames de imagem. Uma substância fundamental para esses exames estava em falta nos hospitais.

Seis meses foi o prazo que as autoridades disseram que seria necessário pra regularizar a situação. Mas isso não aconteceu.

A crise já provocou o adiamento de milhares de exames de cintilografia, capazes de identificar doenças do coração e tumores ainda pequenos.

Os marcadores usados nesses diagnósticos têm um material radioativo extraído do urânio: o molibdênio 99, que não é feito no Brasil. O reator do maior exportador do mundo, o Canadá, quebrou em julho do ano passado.

Desde então, o governo brasileiro vem importando da Argentina e da África do Sul, mas a quantidade não é suficiente. Há seis meses, os hospitais brasileiros faziam dez mil cintilografias por dia. Hoje, são quatro mil.

“Há muita dificuldade para tomar a conduta médica mais adequada, quer seja cirurgia, tratamento de quimioterapia para os portadores de câncer, ou tratamento clinico do coração”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, José Soares Jr.

A crise deve continuar. Os reatores dos países que exportam molibdênio 99 já ultrapassaram ou estão próximos de atingir o tempo de vida útil, que é de 50 anos.

A solução definitiva para o problema é a construção de um reator no Brasil. O projeto já está pronto, foi feito pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. Se começasse a ser implantado hoje, o reator entraria em operação e os exames voltariam a ser feitos normalmente em 2016. Mas o dinheiro para o início da obra ainda nem foi liberado.

O orçamento total do projeto é de R$ 800 milhões. Este ano, o governo precisaria investir R$ 55 milhões.

Para o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares a importância do investimento é muito maior do que o custo.

"Se não começarmos a fazê-lo agora, quando que iremos tê-lo pronto? Nunca. Então, temos que começar para, em 2016, eventualmente, poder ter o nosso próprio reator e fortalecer a nossa medicina nuclear. É uma solução de autonomia e de soberania que vai reverter para a população brasileira", aposta o supervisor do instituto, Nilson Vieira.

edição do dia 20/01/2010

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